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Questões / Re: O que é que devemos esperar
« on: March 31, 2011, 02:08:54 PM »No pleno coração de Karaganda do Oeste, onde mesmo os cidadões naturais destas terras não ousam pôr o pé, ficam os Pântanos Pluviosos. A chuva nunca pára aqui. Como se alguém... ou alguma coisa... numa certa altura zangou-se de tal forma que se lançou a encharcar o sítio de inundações tóxicas e abalá-lo de tempestades de trovões infernais. O Rio das Trevas, que divide os Pântanos em dois, fica constantemente a transbordar, criando numerosos pauis intransitáveis. Alguns destes paúis nunca conheceram o calor dos raios do sol. Se o tivessem conhecido, ter-nos-iam revelado coisas que nem os nossos pesadelos mais horrendo eram capazes de conter.
O solo está a consistir, quase por completo, de argila. A cidade e o castelo são feitos de argila – o último vestígio de mão humana. Ao Oeste a selva chegou a ganhar espaço por completo à Cidade de Argila. Entes pervertidos estão emboscados nos cantos das ruas e colados à superfície das paredes das casas. Entes sobre os quais não sabe nada. E, para dizer a verdade, se alguém souber algo, nunca o admitirá. Porque essas mesmas criaturas são horrendas demais para ser reais.
No Este, como um ídolo obscuro que está a contemplar em silêncio puro a terra devorada pelo mal místico, ergue-se no alto o Castelo de Argila. Muralhas velhas, desbotadas, derreadas, gastas, raspadas a apodrecer em ruínas fedorentas de musgo esverdeado corroção parda. A citadela, cuja majestuosidade jaz no passado, está partida em dois, como se tivesse sido batido ao encontro dum martelo agourento do país dos ogres mais vorazes.
Sombras andam a vaguear pelas ruas vastas e cobertas de arbustos e viçosos.
Ao chegar a noite estas sombras mudam. E substância que ganham é capaz de mandar estourar em pranto até a pessoa mais corajosa que possa existir.
E a chuva continua a cair.
Sem que ao menos seja capaz de limpar alastrando para baixo a corrosão e a podridão.